Felipe Negri, CEO do Pinbank
Historicamente, as apostas sempre foram um formato muito popular de entretenimento. Especialmente quando estamos tratando do mundo dos esportes, elas são conhecidas por agregar valor à experiência dos fãs de diversas modalidades, ainda que muitas vezes sejam vistas como um nicho marginal. No entanto, até mesmo esse olhar receoso vem diminuindo nos últimos anos por conta de um simples fator: a transformação digital.
O avanço tecnológico e os pagamentos instantâneos (PIX) reconfiguraram o panorama desse setor completamente, facilitando e assegurando o acesso às bets através de plataformas especializadas e aprimoradas. Dessa forma, a base de usuários dos seus serviços se tornou global e pluralizada, o que se reflete totalmente em algumas marcas alcançadas por esse mercado recentemente.
Para se ter uma ideia, uma delas é a sua movimentação financeira anual no Brasil: cerca de R$120 bilhões, segundo o BNL Data. Além disso, se olharmos só para 2023, o Raio-X do Investidor de 2024, divulgado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), mostra que 22 milhões de brasileiros fizeram ao menos uma aposta nesse período, o que representa 14% da população do país.
Não é um crescimento qualquer. E é justamente por isso que precisamos ter uma visão redobrada para o potencial das bets e trabalhar soluções inteligentes dentro desse mercado.
Quais são os principais desafios das bets?
A etapa inicial para dar um próximo passo no setor é começar olhando para as suas dores. Sem dúvidas, um dos maiores desafios das apostas esportivas é a desmistificação de que se trata de um ambiente altamente especulativo e desprovido de uma legislação rígida e adequada.
Nesse ponto, a regulamentação do segmento é a maior arma para combater essa visão, estabelecendo um framework legal e que promove uma dinâmica segura para os apostadores. Inclusive, isso aconteceu no Brasil em dezembro de 2023, mostrando que a prática não só foi legalizada no país, como também carrega indicativos claros de um potencial substancial para impulsionar a nossa economia.
Para aumentar a confiança e a participação do consumidor no setor, adaptar as infraestruturas digitais à dinâmica veloz e globalizada das bets é outro ponto essencial. Mais do que usar a tecnologia, as novas ferramentas precisam ser direcionadas para resolver problemas reais, de modo a melhorar as operações, aumentar a segurança na jornada dos usuários e promover experiências simplificadas e eficientes.
Vale frisar que boa parte dessas demandas passaram a ser supridas pelas fintechs, que vêm trazendo uma gama de soluções tecnológicas robustas para ajudar no crescimento desse mercado que está a cada ano mais competitivo e não tem somente um player consolidado, pois continuamente vemos novos entrantes em busca de uma fatia de market share.
Papel do mercado financeiro nas apostas esportivas
A colaboração entre fintechs e as plataformas de apostas fomentam inovações que beneficiam ambas as partes e, acima de tudo, os usuários. Soluções como PIX direto, contas digitais, Banking as a Service, operações cambiais (eFX) e adquirência de cartões de débito e pré-pagos são apenas alguns exemplos disso, uma vez que fornecem vantagens significativas para o setor.
Estamos falando de transferências instantâneas de fundos, redução de custos, acesso global a diferentes moedas e flexibilidade para os apostadores, realidade nunca antes vista por esse mercado. Tudo isso otimiza os processos de pagamento e multiplica transações em um período curto de tempo, sempre de forma transparente e rastreável, que afasta o perigo de tentativas de fraude.
Por essas razões, também é fundamental que as entidades do mercado financeiro ligadas ao setor, devido ao seu notório conhecimento e tecnologia, devam se estabelecer como um dos principais filtros para mitigar riscos ligados a lavagem de dinheiro, acesso a menores de idade, corrupção, financiamento ao terrorismo e outros tantos riscos que geravam um grande preconceito ao mercado. Uma cobertura ampla, objetiva e segura pode ajudar a elucidar a apreensão coletiva, desmistificando a indústria e abrindo novas oportunidades das bets, priorizando os clientes reais que estão do outro lado da tela. Com isso, a tendência é que a aceitação do segmento seja solidificada, tanto em termos de entretenimento quanto de investimento.
Olhando para tudo isso, não há como não imaginarmos um futuro promissor para as apostas esportivas. O potencial delas vai além da ideia de “jogo”, transformando-se em uma perspectiva vital para a economia digital global.
Felipe Negri - Engenheiro graduado pelo Instituto Mauá de Tecnologia e com atuação no segmento por mais de 8 anos, Felipe migrou para o setor de inovação e finanças ao assumir a gerência de inovação na B2W Digital, onde ao longo de quase 5 anos foi responsável pelo planejamento de investimentos, estudos de viabilidade e análise de redução de custo.
Na Pinbank, o especialista em estratégia de dados pela Universidade da Califórnia assumiu como CEO, em 2022, com foco em inovação e abertura de novos mercados, inserindo a instituição financeira no circuito do DREX, pix e adquirentes diretos, cartões de crédito e contas digitais.