A confirmação da vitória de Donald Trump como o 47º presidente dos Estados Unidos, oficializada pela vice-presidente Kamala Harris - 2ª feira (6.jan.2024), trouxe à tona comparações com os tumultos ocorridos em 6 de janeiro de 2021. No entanto, diferentemente do que parte da mídia brasileira destacou, as manifestações daquele dia foram tratadas pelas autoridades norte-americanas como protestos legítimos que, embora marcados por episódios isolados de violência, não configuraram uma ameaça estrutural à democracia.
A eleição de 2024 apresentou um cenário de maior transparência e legitimidade, com votos impressos e ausência de grandes contestações judiciais, resultado direto das reformas implantadas após os eventos de 2021. Nesse contexto, comparar o atual momento político com episódios anteriores ignora os avanços institucionais que fortaleceram o sistema democrático norte-americano.
Além disso, a cobertura jornalística no Brasil mostrou-se seletiva, resgatando os protestos de direita em 2021, mas omitindo os tumultos promovidos por grupos de esquerda em 2017, após a primeira eleição de Trump. Esse padrão evidencia um viés que compromete a imparcialidade necessária para informar o público com equilíbrio.
A descentralização do processo eleitoral nos Estados Unidos, conduzido pelos estados e sem a intervenção de tribunais superiores, reforça a confiança no sistema. Ao rejeitar o ativismo judiciário e preservar o papel soberano do eleitor, o modelo norte-americano oferece uma lição importante: a democracia se sustenta na transparência, no respeito às instituições e no compromisso com o Estado de Direito.
O papel da imprensa, nesse cenário, deve ser o de registrar os fatos de maneira justa e completa, permitindo que a sociedade avalie os acontecimentos com base em informações claras e imparciais. Quando a narrativa é distorcida por preferências ideológicas, perde-se a oportunidade de fortalecer a democracia e o debate público.