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Qual é a importância da inovação orientada por missões para o Brasil?

Da redação com informações da CNI. - segunda, 22 de abril de 2024
 

Andre Wongtschowski (WTT), Jefferson Gomes (CNI) e Guila Calheiros (MCTI) fizeram a abertura da conferência

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a World-Transforming Technologies (WTT) promoveram, nesta terça-feira (16), um debate sobre estratégias que mobilizam empresas, academia e governo para a resolução de problemas do país por meio de metas claras: as missões. O evento Inovação Orientada por Missões: contribuições para a construção da nova política tecnológica e de inovação brasileira é uma das conferências livres que antecedem a 5ª Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia (CNCTI), organizada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e que será realizada de 4 a 6 de junho.

O diretor de Tecnologia e Inovação da CNI, Jefferson Gomes, lembra que as contribuições feitas nas conferências serão colocadas em um documento que será entregue ao governo e que a CNCTI culmina na elaboração da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação 2024-2030. “Nossa situação é típica de um país grande. O Brasil não é um país trivial. É um país que alimenta o mundo, mas tem muita gente passando fome. Tem água como poucos, mas tem problemas de saneamento básico. São características enormes e difíceis de se lidar. Por isso, precisamos trabalhar em missões que vão atacar uma série de vulnerabilidades que existem em nosso país”. 

Andre Wongtschowski, diretor de Inovação da WTT, explica que a inovação é uma ferramenta fundamental para a superação de diversos desafios e para o desenvolvimento sustentável do país. “Estamos em um momento muito favorável dessa discussão porque, desde o ano passado, o debate em torno de políticas públicas voltadas para a inovação tem ganhado importância. A abordagem de missões coloca, portanto, o propósito da inovação no centro da discussão”. 

Quais são as características centrais da abordagem de missões e por que utilizá-la?

Wongtschowski aponta três delas:

  • Direcionalidade: noção de que é preciso ter ciência, tecnologia e inovação voltadas para resolver os desafios do desenvolvimento do país.
  • Colaboração: reconhecimento de que, para lidar com desafios complexos, é preciso haver colaboração interministerial e políticas públicas, além de participação da sociedade, de empresários e da academia.
  • Clareza de metas e prazos: demanda que as missões sejam desenhadas com objetivos ambiciosos, mas com metas claras e que sejam monitoradas. 

Ainda segundo Wongtschowski, a abordagem de missões pressupõe que:

  • A nova política tecnológica e de inovação brasileira coloque o desenvolvimento sustentável como uma das prioridades. 
  • A nova política dialogue com as políticas que já existem, como a Nova Indústria Brasil (NIB), por exemplo.
  • A Conferência Nacional deve refletir sobre as propostas e recomendações apresentadas nas conferências livres. 
  • É necessário garantir espaços permanentes e contínuos de participação da indústria, da sociedade civil e da academia no monitoramento e revisão da nova política científica. 

Para Guila Calheiros, secretário de desenvolvimento tecnológico e inovação do MCTI, a conferência representa um grande movimento nacional para se refletir sobre os desafios e estratégias necessários para consolidar a ciência, tecnologia e inovação no país. “Todas as ações do MCTI estão alinhadas à estratégia nacional de desenvolvimento industrial e cada ator dentro do sistema precisa saber seu papel para ajudar a construir essa agenda”.

Missões e a Nova Política Industrial 

Criado em 2004, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, foi reativado em abril do ano passado, com o propósito de liderar as bases para a construção de uma nova política indústria, organizada em missões temáticas voltadas para proporcionar benefícios para os brasileiros. 

Mulher de camisa preta fala ao público com microfone

Verena Hitner, secretária-executiva do CNDI

Para a secretária-executiva do CNDI, Verena Hitner, organizar o desenvolvimento do país a partir de missões é um processo diferente da experiência de países desenvolvidos. “A política de desenvolvimento industrial para o Brasil é diferente porque o impacto que ela gera na sociedade é absolutamente diferente. Significa trazer todos os instrumentos do Estado para dentro, com a certeza de que a indústria melhora a qualidade de vida das pessoas”.

Ainda de acordo com Verena, na construção da Nova Indústria Brasil, uma política orientada por seis missões, colocou-se a indústria como um meio para se chegar a um fim, que é o bem-estar das pessoas. “Trata-se de uma política construída em um espaço democrático, já que, nesse governo, a participação das pessoas e o processo importam tanto quanto o resultado. O momento impõe a reflexão sobre a conexão entre universidades e sistema produtivo e como é possível organizar o conhecimento científico que sai das universidades para o desenvolvimento nacional. 

 
 
 
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