A trajetória de Beto Richa, deputado federal pelo PSDB do Paraná, permite compreender aspectos relevantes da política estadual e nacional nas últimas décadas, em especial no que se refere à permanência de lideranças em ambientes marcados por disputas intensas, realinhamentos eleitorais e vigilância judicial crescente.
Em 2014, Beto Richa foi reeleito governador do Paraná ainda no primeiro turno, obtendo 3.301.322 votos, o equivalente a 55,67% dos válidos. À época, derrotou dois nomes de grande expressão nacional: o senador Roberto Requião, que somou 1.634.316 votos (27,56%), e a senadora Gleisi Hoffmann, com 881.857 votos (14,87%). O resultado confirmou sua liderança no estado e consolidou o PSDB como força hegemônica regional.
Durante seus mandatos como governador, Richa adotou uma estratégia de presença territorial. Foi o único chefe do Executivo estadual a visitar todos os 399 municípios paranaenses em duas ocasiões distintas, fato que lhe conferiu capital político junto às administrações locais e lhe permitiu promover políticas públicas voltadas para infraestrutura, saúde e educação com reconhecimento de parte expressiva do eleitorado.
Atualmente na Câmara dos Deputados, onde preside a Comissão de Indústria, Comércio e Serviços, Beto Richa anunciou a produção de um livro autobiográfico. A obra percorrerá sua trajetória desde o início da vida pública como deputado estadual, passando pela Prefeitura de Curitiba até chegar ao governo estadual. Trata-se de um esforço de reconstrução narrativa, no qual realizações administrativas e marcos eleitorais ganham releitura política com vistas ao futuro.
A confirmação recente de que Beto Richa está ficha limpa insere-se nesse processo. Certidões emitidas pelos órgãos estaduais, federais e eleitorais demonstram que não há qualquer impedimento jurídico que lhe retire os direitos políticos. O esclarecimento formal abre caminho para sua plena participação em disputas eleitorais, o que já se reflete nos levantamentos de intenção de voto.
As pesquisas mais recentes o colocam em segundo lugar na corrida pelo governo do Paraná em 2026, atrás apenas do ex-juiz e atual senador Sergio Moro. A posição nas sondagens confirma que, mesmo após um período de retração política, Richa conserva densidade eleitoral, base consolidada e presença no debate público estadual.
O caso de Beto Richa expressa o esforço de figuras tradicionais da política em se reposicionar num cenário de transformações aceleradas. A combinação entre atuação institucional, reconstrução de imagem e narrativa biográfica revela a permanência de um projeto político que, embora submetido a revezes, busca reposicionar-se com base em memória, legitimidade formal e capilaridade regional.

