O Brasil, acostumado a importar software e soja, agora exporta crise constitucional. Em pleno século XXI, com as instituições sob pressão interna, o embate entre a Suprema Corte e setores da extrema direita brasileira cruza fronteiras e vira peça de confronto político nos tribunais americanos.
Trump Media e Rumble, empresas ligadas ao ex-presidente dos Estados Unidos, protocolaram pedido na Justiça da Flórida solicitando que o processo contra decisões do ministro Alexandre de Moraes seja remetido ao Departamento de Estado. Alegam violação de direitos humanos, baseando-se na Lei Global Magnitsky, criada para punir oligarcas, ditadores e violadores sistemáticos de liberdades fundamentais ao redor do mundo.
O gesto é ruidoso. E perigoso. Pela primeira vez, atores políticos e empresariais ligados a interesses ideológicos buscam transformar o Supremo Tribunal Federal em réu na arena internacional. Não se trata de um apelo por justiça, mas de um movimento articulado para exportar o conflito institucional brasileiro. Um espetáculo que mira Moraes, mas atinge o coração do sistema democrático.
As instituições devem reagir. O Itamaraty precisa defender a autonomia constitucional. O Congresso deve compreender o risco de deixar a disputa política ser travada por vias externas.
Exportar commodities é estratégia econômica. Exportar crises institucionais é convite ao caos. A democracia brasileira precisa ser defendida aqui. Com leis, com votos, com firmeza. E com dignidade.

