Ronaldo Nóbrega

UnionPay chegou, e agora?

Ronaldo Nóbrega  -   29 de julho de 2025

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A UnionPay, maior operadora de cartões do mundo, está prestes a entrar oficialmente no mercado brasileiro. A gigante chinesa, que já atua em mais de 180 países, chega com a promessa de balançar o setor e provocar dor de cabeça nas líderes Visa e Mastercard.

A operação está sendo viabilizada pela fintech brasileira Left (Liberdade Econômica em Fintech), que será responsável pela emissão dos cartões e pela integração da UnionPay com maquininhas, bancos e sistemas de pagamento. A função crédito ainda não será liberada de imediato e deve ficar para o fim do ano.

Nos bastidores, o clima é de apreensão. O setor vê a entrada da UnionPay como um movimento com potencial para reduzir taxas cobradas de lojistas e consumidores e pressionar bancos a reverem o custo do crédito, especialmente nas modalidades mais caras, como o rotativo.

A movimentação acontece no momento em que o governo dos EUA, sob Donald Trump, ameaça novas sanções ao Brasil. Uma das alegações usadas por Washington é a suposta concorrência desleal do Pix com as empresas americanas de pagamento.

Mais do que um novo player, a UnionPay traz um elemento geopolítico. A operadora chinesa deve integrar seu sistema ao Cips, plataforma de pagamentos internacionais criada por Pequim para concorrer com o Swift, tradicionalmente controlado pelo Ocidente.

Apesar do avanço, a UnionPay ainda não aparece no Banco Central como instituição autorizada a operar no Brasil, nem mesmo como correspondente bancária. Mas, como diz um interlocutor do setor, “o dragão já levantou voo”.

redacao@colunapolitica.com.br

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