No Brasil, onde os números sempre contam uma história, contudo as narrativas frequentemente tentam reescrevê-la, São Paulo surge como um exemplo intrigante. Governado por Tarcísio de Freitas (Republicanos), o estado registrou a menor taxa de homicídios do país em 2024: 1,79 por 100 mil habitantes, segundo o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp). Essa marca contrasta profundamente com os alarmantes 17,64 do Amapá e os 10,86 da Bahia.
Mas aqui está a questão que Assis Chateaubriand, um paraibano de Umbuzeiro, chamaria de "a linha de falha do sistema político": por que esses resultados não estão no centro do debate nacional como um modelo a ser seguido? Em vez disso, a segurança pública em São Paulo tornou-se um campo minado, onde números e narrativas se enfrentam em uma guerra de percepções.
Os números falam, a política grita mais alto
Os dados são inegáveis: São Paulo tem implementado políticas de segurança que reforçam efetivos policiais, realizam operações integradas e promovem investimentos estratégicos. Ainda assim, em vez de elogios, o estado enfrenta um constante escrutínio. A oposição, com um olho nas eleições de 2026, parece determinada a destacar casos isolados envolvendo a polícia, transformando exceções em regra e obscurecendo os avanços.
Isso não é apenas um problema local; trata-se de uma questão nacional sobre como histórias são contadas e quem se beneficia delas. A liderança de Tarcísio como governador — e sua potencial candidatura presidencial — é vista por muitos como uma ameaça real à hegemonia do PT, que enfrenta o desafio de manter sua base enquanto o governador de São Paulo apresenta avanços significativos no combate à criminalidade. Entre janeiro e outubro de 2024, o estado registrou uma redução de 27,2% nos roubos e 18% nos furtos em comparação ao mesmo período do ano anterior. O ano de 2024 também foi marcado pela maior contratação de efetivo policial em 14 anos em São Paulo, com 7,8 mil novos policiais civis e militares ingressando na força de segurança. Adicionalmente, mais 2 mil agentes estão em formação, com previsão de atuação em 2025.
Contrastes que desafiam o discurso dominante
Agora, compare isso com estados como Bahia, governada pelo PT desde 2006, e Amapá, sob a gestão de Clécio Luis (Solidariedade (ex-PT e PSOL)). Ambos enfrentam taxas de homicídios alarmantes, porém não recebem a mesma atenção crítica de parte da grande mídia. Em um jogo político onde os holofotes são seletivamente direcionados, os resultados de São Paulo são simultaneamente ignorados e atacados.
O desafio do PT em 2026
Para o PT, o sucesso de São Paulo representa mais do que um desafio de segurança pública; é um problema político central. Se a segurança pública continuar sendo um trunfo de Tarcísio, o campo de batalha de 2026 torna-se ainda mais complicado para uma possível reeleição de Lula. A oposição sabe disso, e a grande mídia frequentemente amplifica narrativas que enfraquecem a gestão paulista, criando uma percepção desfavorável.
No final, a questão não se limita a São Paulo ter a menor taxa de homicídios do país. A verdadeira reflexão é se a política nacional está disposta a reconhecer esse êxito como um modelo a ser seguido — ou se continuará a transformá-lo em uma peça estratégica no jogo de narrativas que define o cenário político contemporâneo do Brasil.